quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Lado Lari - Professor: profissão temporária

Outro dia, conversando com meu pai sobre a profissão do professor, ele me contava de vários casos de colegas de trabalho que estavam abandonando a sala de aula ou estavam cursando outra faculdade com o propósito de, em breve, conseguir outro emprego. Ouvindo a conversa, minha mãe afirmou que hoje em dia ninguém quer ser mais professor e que, atualmente, essa é apenas uma profissão temporária, um trampolim para outros desejos.

Fui atrás de dados sobre o assunto e descobri que essa, é sim, uma realidade. E os motivos são esses:

1- Baixo Prestígio

Para começar, um estudo encomendado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil apontou que apenas 5% dos melhores alunos que se formam no ensino médio desejam trabalhar como docentes da educação básica.

Com base nos questionários do Enade (o antigo provão), o estudo identificou que os alunos de pedagogia (curso que forma professores para os primeiros anos do ensino fundamental) vêm de famílias de baixa renda e têm mães com pouca escolarização - condições que apontam maiores chances de dificuldades acadêmicas. "Nunca vi um aluno daqui dizer que quer cursar pedagogia", afirma Andrea Godinho de Carvalho Lauro, professora do colégio Vértice, o melhor de São Paulo no Enem. Vale lembrar que os cursos de educação são os que possuem menos concorrência nos vestibulares de instituições federais.

"Quando você diz que quer ser professora, até a família pergunta se não tinha outra profissão. Muitos desistem por causa disso. Ficam só os sobreviventes. Mas gosto do desafio de educar as crianças."

(Janaína Leal, 23 – acadêmica de pedagogia)

2- Salário

Um dos pontos mais polêmicos na discussão de como melhorar a atratividade da carreira docente é a questão salarial. A baixa remuneração contribui para que um problema antigo das escolas brasileiras continue sem solução em um curto período de tempo: a falta de profissionais. Um Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com dados de setembro de 2009, mostra que há professores que, mesmo com diploma de ensino superior, ganham pouco mais de um salário mínimo.

Vale lembrar que em junho de 2008, foi aprovada pelo Congresso Nacional uma emenda constitucional que institui o piso salarial nacional para os professores. A categoria é a única do País a ter o benefício assegurado na Constituição Federal. Segundo a lei, os Estados e municípios teriam até 1º de janeiro de 2010 para começar a pagar a remuneração mínima de R$ 950 a docentes que trabalhassem 40 horas semanais. Pasmem... 950 REAIS!!!

Apesar disso, Paula Louzano, coordenadora do estudo Pnad, uma pesquisa do IBGE, afirma que "o salário ainda tem influência, mas não parece ser mais o fator primordial para a baixa atratividade para a carreira docente".

3- Estímulo

Falta de apoio, de estrutura básica e de estímulo ao trabalho são outros fatores apontados como motivo da desistência dos professores. Não existe um mínimo de segurança física na escola; não existe ambiente de trabalho que ofereça oportunidade de pesquisas, de estudos e de interação entre as pessoas.

Diante desses dados e fatos, o que nos sobra é refletir: triste realidade de uma profissão que forma cidadãos e que influencia diretamente no futuro das pessoas. E você o que pensa a respeito?

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