sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lado Lari - Veja x Nova Escola

Sou filha de professores, como já tive a oportunidade de contar em conversas anteriores, mas, além disso, sou filha de uma professora de português. Isso sempre me ajudou muito, afinal, tinha uma gramática viva convivendo comigo todos os dias e qualquer dúvida era “só gritar”, literalmente. Por coincidência do destino, ou não, minha mãe foi minha professora no 1º período do curso de letras/inglês, em 2006, na Universidade Federal de Rondônia. Mais coincidência, ainda, foi ela ter ministrado a disciplina que até hoje, com toda a certeza, foi a mais importante da minha vida acadêmica: Linguística Geral.

Quem já teve a oportunidade de desvendar a linguística, sabe do que eu estou falando. É fascinante perceber a dimensão da nossa língua e os fenômenos que giram em torno dela.

Bom... na semana passada, a Revista Veja (11 de agosto de 2010) trouxe a seguinte capa:

“Falar e escrever bem: rumo à vitória – Expressar-se com clareza e elegância é essencial para avançar na vida. A boa notícia é que há mais ferramentas para o aprendizado”


A matéria ia bem, analisando o discurso dos nossos candidatos à presidência, mas não podíamos esperar muito de uma revista quem tem como revisor o defensor da gramática, Professor Pasquale Cipro Neto: a matéria virou uma aula de gramática.

Apesar de tentar embutir definições usadas por adeptos da linguística, tentando fazer uma separação entre fala e escrita, pudemos ler em alguns trechos, os jornalistas afirmando que alguns “erros” recorrentes na oralidade do brasileiro eram “aberrações” que “agridem tanto os ouvidos como a natureza da língua”. Lamentável.

Em contrapartida, a revista Nova Escola nos presenteou, em sua edição de agosto, trazendo a seguinte capa:

“Ler na escola: porque é preciso ir além dos questionários e resumos para criar o hábito da leitura entre os alunos e professores”.



A matéria é um presente. Fala sobre o poder da leitura, em como a escola e os professores podem ajudar a estimular esse gosto entre as crianças e adolescentes, como ajudar os alunos a lerem com autonomia e, principalmente, como desenvolver as habilidades orais e de escrita através da leitura.

Hoje (20), o Ibope, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgou uma pesquisa em que 61% dos entrevistados concordam totalmente com a afirmação de que “a baixa qualidade do ensino vai prejudicar o desenvolvimento do país” e que sem investir na educação, o Brasil jamais será capaz de se transformar num país desenvolvido. Mas como ensinar?

Nas duas revistas, lançadas no mesmo mês, temos um mesmo tema. Duas revistas com duas visões divergentes. Duas maneiras de entender e ensinar a língua. Ainda bem que uma é apenas para “ver” e a outra mostra como deve ser a “nova escola”.

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