segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Viajar... e voltar!

No dia 02 de setembro começa o Intercom 2010, o maior Congresso de Comunicação Social do Brasil. Nós, do Quatro Lados, estivemos presentes na etapa regional e agora estamos de malas prontas para participar da etapa nacional.
Maurício Vasconcelos, um dos integrantes desse querido blog, estará representando a região Norte com trabalho inscrito na Categoria Assessoria de Imprensa. Torcidas a postos, figas e vibrações positivas para o nosso Lado Mau.



Entre oficinas, palestras e mini-cursos, essa fugidinha para o Rio Grande do Sul, trará muito frio (previsão de 9º #medo) ,conhecimento, diversão e descanço (UFA!). Durante 5 dias nos desligaremos do trabalho, da faculdade e de Porto Velho.
Essa ausência nos fez lembrar uma crônica, que fala sobre viajar... e sobre voltar!



Voltar


Que belo verbo! Que bela imagem! Retorno, regresso, retomada, recomeço. Um professor que tive, de Literatura Brasileira, dizia-nos que viajar é muito bom; que a viagem nos faz voltar melhores. A distância nos possibilita, na verdade, nos obriga a um redimensionamento da vida que temos levado, das relações que temos estabelecido.
Longe, vemos o que, de fato, é essencial. Aparamos as arestas, limpamos a visão daquilo que a turva no cotidiano, mas que não sobrevive a uma análise mais apurada. De longe, é poeira, não tem a mínima importância, é bobagem.
Estou de volta, depois de cinco longos meses e quinze dias de ausências e de saudades.
A minha casa, os meus filhos, o meu marido, a minha rotina continua a mesma, mas ... não é mais a mesma. Que prazer ver meus filhos retornarem da escola! Que sensação boa estar com eles à mesa para o almoço. Que presente de Deus o café cheiroso, no domingo pela manhã, eu e meu amado, quando os pequenos ainda dormem.
Conversa fiada, planos para o futuro, contas a pagar... e o café fumegando, aquecendo a alma.
Dormir na minha cama!! Meu Deus, como é bom!!
E pensar que, antes da viagem, vínhamos reclamando do colchão velho e incômodo, afundado na forma dos nossos corpos já marcados pelo incomensurável do tempo.
Agora é uma maciez que causa espanto!
Bom tomar banho no meu banheiro, vestir as roupas que ficaram pra trás, fazer uma tarde de pastéis para molecada e cuidar dos sobrinhos.
A vida se transformou.
É. Meu professor tinha razão.
Ao voltarmos de uma viagem, nos tornamos melhores vizinhos, melhores pais, melhores irmãos, melhores amantes...
Tudo o que nos infelicitava antes passa a ter importância menor, já não dói tanto.
Dizem que conselhos não são bons. De fato, tenho algumas restrições a eles. Parece que quem vê de fora os nossos dramas, os nossos dilemas e as nossas limitações não dá conta de vê-los em toda a sua complexidade. Mesmo assim, vou arriscar um para o meu leitor: viaje!
Se não é possível sair do estado, vá até um hotel fazenda, vá a Guajará-Mirim, Cacoal, Vilhena. Vá, pelo menos, a Ariquemes. Se não der, pare em Candeias.
Se mesmo assim, ainda é impossível, então, mude-se num final de semana. Hospede-se num hotel aqui mesmo. Fique dois ou três dias... Experiencie a sensação de ser um estrangeiro, de estar num lugar que não é seu, dormindo numa cama que não é a sua, comendo alimentos diferentes, apreendendo hábitos, valores e rotinas que não são as suas.
Depois, arrume as malas e volte. A vida será muito melhor!
Eu, pelo menos desta vez, pretendo seguir este conselho.
Espero que a magia desses dias de vida nova dure muito tempo, mas, quando eu sentir que ela começa a esvair-se, que ela inicia um processo lento de extinção, vou fazer uma viagem. Não preciso de sofridos cinco meses e quinze dias, nem preciso ir longe. Quero apenas olhar a minha vida com olhos de ver e percebê-la dádiva, presente e milagre.
Aí, então, volto para os meus.

Autora: Neusa Tezzari
Que assim seja...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lado Lari - Veja x Nova Escola

Sou filha de professores, como já tive a oportunidade de contar em conversas anteriores, mas, além disso, sou filha de uma professora de português. Isso sempre me ajudou muito, afinal, tinha uma gramática viva convivendo comigo todos os dias e qualquer dúvida era “só gritar”, literalmente. Por coincidência do destino, ou não, minha mãe foi minha professora no 1º período do curso de letras/inglês, em 2006, na Universidade Federal de Rondônia. Mais coincidência, ainda, foi ela ter ministrado a disciplina que até hoje, com toda a certeza, foi a mais importante da minha vida acadêmica: Linguística Geral.

Quem já teve a oportunidade de desvendar a linguística, sabe do que eu estou falando. É fascinante perceber a dimensão da nossa língua e os fenômenos que giram em torno dela.

Bom... na semana passada, a Revista Veja (11 de agosto de 2010) trouxe a seguinte capa:

“Falar e escrever bem: rumo à vitória – Expressar-se com clareza e elegância é essencial para avançar na vida. A boa notícia é que há mais ferramentas para o aprendizado”


A matéria ia bem, analisando o discurso dos nossos candidatos à presidência, mas não podíamos esperar muito de uma revista quem tem como revisor o defensor da gramática, Professor Pasquale Cipro Neto: a matéria virou uma aula de gramática.

Apesar de tentar embutir definições usadas por adeptos da linguística, tentando fazer uma separação entre fala e escrita, pudemos ler em alguns trechos, os jornalistas afirmando que alguns “erros” recorrentes na oralidade do brasileiro eram “aberrações” que “agridem tanto os ouvidos como a natureza da língua”. Lamentável.

Em contrapartida, a revista Nova Escola nos presenteou, em sua edição de agosto, trazendo a seguinte capa:

“Ler na escola: porque é preciso ir além dos questionários e resumos para criar o hábito da leitura entre os alunos e professores”.



A matéria é um presente. Fala sobre o poder da leitura, em como a escola e os professores podem ajudar a estimular esse gosto entre as crianças e adolescentes, como ajudar os alunos a lerem com autonomia e, principalmente, como desenvolver as habilidades orais e de escrita através da leitura.

Hoje (20), o Ibope, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgou uma pesquisa em que 61% dos entrevistados concordam totalmente com a afirmação de que “a baixa qualidade do ensino vai prejudicar o desenvolvimento do país” e que sem investir na educação, o Brasil jamais será capaz de se transformar num país desenvolvido. Mas como ensinar?

Nas duas revistas, lançadas no mesmo mês, temos um mesmo tema. Duas revistas com duas visões divergentes. Duas maneiras de entender e ensinar a língua. Ainda bem que uma é apenas para “ver” e a outra mostra como deve ser a “nova escola”.