Maurício Vasconcelos, um dos integrantes desse querido blog, estará representando a região Norte com trabalho inscrito na Categoria Assessoria de Imprensa. Torcidas a postos, figas e vibrações positivas para o nosso Lado Mau.
Essa ausência nos fez lembrar uma crônica, que fala sobre viajar... e sobre voltar!
Voltar
Longe, vemos o que, de fato, é essencial. Aparamos as arestas, limpamos a visão daquilo que a turva no cotidiano, mas que não sobrevive a uma análise mais apurada. De longe, é poeira, não tem a mínima importância, é bobagem.
Estou de volta, depois de cinco longos meses e quinze dias de ausências e de saudades.
A minha casa, os meus filhos, o meu marido, a minha rotina continua a mesma, mas ... não é mais a mesma. Que prazer ver meus filhos retornarem da escola! Que sensação boa estar com eles à mesa para o almoço. Que presente de Deus o café cheiroso, no domingo pela manhã, eu e meu amado, quando os pequenos ainda dormem.
Conversa fiada, planos para o futuro, contas a pagar... e o café fumegando, aquecendo a alma.
Dormir na minha cama!! Meu Deus, como é bom!!
E pensar que, antes da viagem, vínhamos reclamando do colchão velho e incômodo, afundado na forma dos nossos corpos já marcados pelo incomensurável do tempo.
Agora é uma maciez que causa espanto!
Bom tomar banho no meu banheiro, vestir as roupas que ficaram pra trás, fazer uma tarde de pastéis para molecada e cuidar dos sobrinhos.
A vida se transformou.
É. Meu professor tinha razão.
Ao voltarmos de uma viagem, nos tornamos melhores vizinhos, melhores pais, melhores irmãos, melhores amantes...
Tudo o que nos infelicitava antes passa a ter importância menor, já não dói tanto.
Dizem que conselhos não são bons. De fato, tenho algumas restrições a eles. Parece que quem vê de fora os nossos dramas, os nossos dilemas e as nossas limitações não dá conta de vê-los em toda a sua complexidade. Mesmo assim, vou arriscar um para o meu leitor: viaje!
Se não é possível sair do estado, vá até um hotel fazenda, vá a Guajará-Mirim, Cacoal, Vilhena. Vá, pelo menos, a Ariquemes. Se não der, pare em Candeias.
Se mesmo assim, ainda é impossível, então, mude-se num final de semana. Hospede-se num hotel aqui mesmo. Fique dois ou três dias... Experiencie a sensação de ser um estrangeiro, de estar num lugar que não é seu, dormindo numa cama que não é a sua, comendo alimentos diferentes, apreendendo hábitos, valores e rotinas que não são as suas.
Depois, arrume as malas e volte. A vida será muito melhor!
Eu, pelo menos desta vez, pretendo seguir este conselho.
Espero que a magia desses dias de vida nova dure muito tempo, mas, quando eu sentir que ela começa a esvair-se, que ela inicia um processo lento de extinção, vou fazer uma viagem. Não preciso de sofridos cinco meses e quinze dias, nem preciso ir longe. Quero apenas olhar a minha vida com olhos de ver e percebê-la dádiva, presente e milagre.
Aí, então, volto para os meus.